Não há ligação entre telefones celulares e tumores cerebrais em grande estudo do Reino Unido
Um novo estudo no Reino Unido não mostra nenhuma ligação entre tumores cerebrais e o uso de telefones celulares, mesmo entre indivíduos que usavam seus telefones todos os dias e/ou os usavam há mais de 10 anos.
“Esses resultados apoiam a evidência acumulada de que o uso de telefones celulares em condições usuais não aumenta o risco de tumor cerebral”, disse o autor do estudo Kirstin Pirie, MSc, da Unidade de Epidemiologia do Câncer da Oxford Population Health, Reino Unido, em comunicado.
No entanto, uma limitação importante do estudo é que ele envolveu apenas mulheres de meia-idade e mais velhas; essas pessoas geralmente usam menos telefones celulares do que mulheres ou homens mais jovens, observam os autores. Na coorte deste estudo, o uso do telefone celular foi baixo, com apenas 18% dos usuários falando ao telefone por 30 minutos ou mais a cada semana, observam.
Os resultados foram publicados no Journal of the National Cancer Institute.
Este estudo é "uma adição bem-vinda ao corpo de conhecimento que analisa o risco de telefones celulares e especificamente em relação a certos tipos de gênese tumoral. É um estudo prospectivo bem projetado que não identifica nexo causal", comentou o Prof. Malcolm Sperrin, dos Hospitais da Universidade de Oxford, que não esteve envolvido na pesquisa.
"Sempre há necessidade de mais pesquisas, especialmente porque telefones, redes sem fio, etc., se tornam onipresentes, mas este estudo deve aliviar muitas preocupações existentes", comentou ele no Centro de Mídia Científica do Reino Unido.
No entanto, o estudo e sua conclusão foram fortemente criticados pelo Environmental Health Trust. "Estudos que dependem de dados desatualizados são perigosos no fato de não considerarem como as pessoas usam telefones celulares hoje. Muitos dos usuários de hoje estão no celular horas por dia", disse Devra Davis, PhD, MPH, presidente da Health Trust e membro do American College of Epidemiology. "Idades erradas, perguntas erradas, informações de exposição erradas."
O Environmental Health Trust acrescenta que “numerosos estudos em humanos e animais encontraram associações entre a radiação do telefone celular e o câncer”, e continua a recomendar que o público, e especialmente as crianças, reduzam a exposição à radiação de telefones celulares e outros dispositivos sem fio.
Preocupações sobre o risco de câncer, particularmente tumores cerebrais, circulam há décadas e, até o momento, houve cerca de 30 estudos epidemiológicos sobre esse assunto, conforme relatado anteriormente pelo Medscape Medical News.
FONTE: https://www.medscape.com/viewarticle/971214
